Vale a pena ser zero plástico

Vale a pena ser zero plástico

Por que o plástico sai mais caro?

Falar de plástico enquanto embalagem de uso único já foi mais complexo. O que torna um pouco mais simples hoje é que temos diversas soluções e tecnologias para substituí-lo. No universo da gastronomia, nossa missão é reduzir o impacto ambiental oferecendo produtos compostáveis que substituem o plástico de uso único.

A ideia desse post é provocar a reflexão sobre o tema. Começaremos pontuando e elucidando os motivos pelos quais o custo monetário do plástico é menor. Depois traremos à luz os custos invisíveis que envolvem o consumo e o descarte do plástico de uso único, com base em pesquisas e dados atuais, desconsiderados em seu valor de mercado.

Finalmente, concluímos que estamos trabalhando com o melhor material possível nas nossas embalagens: fibras de plantas. E assim reafirmamos os valores que deram vida à Terraw. Afinal, o futuro e o presente clamam pelo uso de matéria-prima renovável, biodegradável e compostável.

 

Embalagens feitas de plantas x Embalagens plásticas

Falando em custo monetário, o seguinte quadro pontua as diferenças que evidenciam o porquê dos custos de produção e comercialização do plástico serem menores em comparação com as fibras de plantas para a produção de embalagens:

EMBALAGEM DE FIBRAS DE PLANTAS EMBALAGEM PLÁSTICA
MATÉRIA-PRIMA Novas tecnologias: Novos processos logísticos Petróleo: acesso facilitado, logística sendo aprimorada há décadas
PRODUÇÃO Tecnologia recente Tecnologia sendo desenvolvida desde 1862
DEMANDA Procura crescente  Maior procura

O fato da matéria-prima do plástico ser o petróleo por um lado simplifica o processo, já que a sua extração é feita há anos, o acesso à matéria-prima é facilitado e a logística vem sendo otimizada há muito tempo. Por outro lado, o petróleo é uma fonte não renovável, finita, e por isso é fundamental encontrar alternativas. 

No caso das embalagens de fibras de plantas, a matéria-prima é renovável. O acesso a subprodutos de origem vegetal nem sempre é fácil, e seu uso para o desenvolvimento de diferentes produtos ainda é recente. Portanto, exige a criação e o aperfeiçoamento dos processos logísticos.

O mesmo serve para a produção. Como o plástico é produzido desde 1862, existem diversos fornecedores e o acesso à tecnologia é muito facilitado. Já a produção de embalagens de origem vegetal é incipiente e não se tem acesso com tanta facilidade. Ainda há muito espaço para aperfeiçoar e otimizar processos na fabricação desses materiais. Isso tende a reduzir os custos de operação, o que impactará diretamente no preço do produto final.

Por fim, felizmente a demanda por embalagens biodegradáveis vem crescendo nos últimos anos, seja por questões legais ou pelo maior volume de informações sobre os riscos de uso do plástico e seu impacto ambiental alarmante. Todavia, o volume de plástico produzido e ofertado segue sendo muito maior, o que faz com que haja redução dos custos e, consequentemente, do preço do produto.

Até aqui só demos uma pista de problemas no uso de embalagem plástica: matéria-prima principal não renovável. Na sequência, vamos falar dos demais custos que envolvem o consumo do plástico de uso único, especialmente ligados ao meio ambiente e à saúde humana.

Outros custos do plástico…
Impacto ambiental da produção e consumo do plástico

Ele é o material principal das sacolas e embalagens de produtos em geral. Essas embalagens são, via de regra, utilizadas por dezenas de segundos e perduram no meio ambiente por centenas de anos. Aliás, 40% da produção plástica é de plástico de uso único.

O plástico leva mais de 400 anos para se decompor, e muito embora alegadamente reciclável, menos de 10% do material é reciclado no mundo. No Brasil, ainda menos: apenas 1,3% passa pelo processo de reciclagem.

Enfrentamos um sério problema de poluição por plásticos. Como um dos maiores produtores e consumidores desse material, em 2019 o governo brasileiro divulgou um estudo da WWF que revelava ser o 4º país que mais produz resíduo plástico por ano: foram mais de 11 milhões de toneladas, e à época a taxa de reciclagem era ainda mais baixa, de 1%.

A situação é pior devido à grande quantidade de plásticos despejada nos oceanos e à falta de uma legislação eficaz que restrinja o uso de plásticos descartáveis. Outro estudo, publicado na revista científica Marine Pollution Bulletin, informa que ⅓ do resíduo plástico é mal gerenciado e pode acabar nos oceanos. Isso significa 3,5 milhões de toneladas de lixo plástico!

Sobre o plástico que desemboca no oceano, ele é tão volumoso que hoje temos um sétimo continente: The Great Pacific Garbage Patch ou a Ilha de Lixo do Oceano Pacífico, fica entre o Havaí e a Califórnia e possui mais 1,6 milhão de km². Essa quantidade de plástico supera a área dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás somados. Você pode conferir mais sobre esse assunto e sobre projetos que buscam limpar os oceanos e rios nesse post do nosso Instagram.

A situação é alarmante, e a poluição plástica está em pauta para novas negociações e acordos internacionais.

Como dito no começo do texto, esse tema tem tido uma luz no final do túnel: o crescimento do interesse por embalagens biodegradáveis, alternativas sustentáveis ao plástico de uso único. Embalagens produzidas a partir de fontes renováveis geram menos impacto ambiental, pois estão inseridas na lógica da economia circular. Entenda melhor sobre esse assunto aqui.

Na Terraw, trabalhamos com embalagens 100% compostáveis, que sofrem um processo natural de degradação e podem virar adubo e composto orgânico em até 6 meses, reduzindo a quantidade de resíduos, diminuindo a produção de metano (um potente gás de efeito estufa) e retornando nutrientes ao solo.

Impacto do uso do plástico na saúde humana

Como já explicamos no nosso blog o plástico em si não é o vilão, e sim a relevância que esse material ganhou. Ele está em todo lugar, sua produção é desenfreada e, se o plástico de uso único está causando uma catástrofe ambiental, ele também está causando grande impacto na saúde dos seres humanos.

Conforme mencionado, grande quantidade do resíduo plástico desemboca nas águas, e essas águas contaminadas acabam sendo utilizadas para consumo humano, seja alimentício, produção de cosméticos ou outros. A contaminação nos humanos ocorre especialmente através do microplástico, que não é visível a olho nu e não é filtrado da água.

A esse respeito, são conduzidos diversos estudos, nos quais já encontraram microplástico na placenta de mulheres grávidas, em artérias e no sangue. O microplástico está por tudo. Na superfície terrestre e circulando no ar. Ingerimos mais de 70 mil partículas de plástico por ano.

Por todos esses motivos, acreditamos que o custo financeiro da comercialização do plástico deveria refletir os custos ambientais, econômicos e sociais ligados a ele. Quando calculamos esse custo, precisamos colocar inclusive a nossa saúde na conta, assim como a saúde do meio ambiente.

Afinal, será que faz sentido extrair um recurso finito para fabricar um produto que vai ser usado por segundos, mas dura centenas de anos no meio ambiente, e vendê-lo por centavos?

Como melhorar essa realidade?

São necessárias diversas ações para mudar a atual situação. Uma junção de políticas públicas, investimentos do setor privado e apoio dos consumidores.

Produtos nocivos como o plástico, justamente por trazerem gastos posteriores com políticas ambientais e de saúde pública, deveriam ser cobrados de maneira a compensar seu real custo. Dessa maneira, o papel do governo envolve a taxação desses produtos. Também, é fundamental o incentivo fiscal a materiais renováveis e com o menor impacto ambiental possível.

Para que haja uma mudança cultural em relação ao uso de plástico, o setor privado deve parar de incentivá-lo e alocar recursos em produtos que não prejudiquem o meio ambiente. Assim, as empresas também atenderão às demandas do mercado consumidor por alternativas sustentáveis.

Por fim, é importante que os consumidores continuem incentivando os estabelecimentos a acelerar essa mudança. A opinião do cliente é essencial para que todas as pessoas envolvidas nesse setor possam entender a dimensão e a gravidade do problema que estamos lidando.

Em suma, esperamos que essa reflexão explique aos nossos clientes, parceiros e leitores as problemáticas que envolvem a diferença de preço de um produto de origem vegetal para um produto plástico. Acreditamos que o custo de produtos sustentáveis será reduzido, as tecnologias serão otimizadas e o mercado crescerá muito. Até lá, porém, é essencial que você continue incentivando essa mudança da forma que conseguir, e nós seguiremos fazendo nossa parte.

escrito por Helena Vargas Cabeda

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